Rapidinha

O ponto não estava vazio, a lua cheia e o ônibus não passava. Nina olhava pra ele enquanto lhe falava sobre o seu dia, os seus planos, gostos e afins. A camiseta regata desenhava os músculos rígidos; os braços bonitos, torneados e bronzeados desviavam sua atenção da conversa, incitando sentidos. A bermuda escondia nádegas rígidas, carnudas e um músculo solto, relapso, pronto para ser abocanhado. Nina entendia algumas palavras, ria, mas a cada pausa, estendia os lábios para os outros lábios, sedentos dos seus. Entre um beijo e outro pouco ou nada fazia mais sentido, mas o ponto estava cheio, a lua um tanto escondida e o ônibus não passava. Enquanto se beijavam, os pelos dançavam sobre os corpos que já não se sabiam mais ali. As mãos de Nina percorriam a nuca, as costas, a cintura e desciam descompassadas em frente ao ponto que não estava vazio, sob a lua cheia. Deslizava devagar a unha sobre a bermuda saltitante, enquanto gemiam baixinho, tentando respirar, tentando parar, tentando esquecer todos que também esperavam o ônibus, que não passava. Os carros passavam rápido, não podiam captar tanto assim. E eram dois carneiros sedentos. Nina pulsava. Seu corpo todo pulsava e bastaria penetrá-la para fazê-la gozar-se inteira. Os dedos dele também percorriam caminhos irreversíveis, enquanto de olhos fechados, imaginavam-se deitados na calçada, rasgados, trepando feito loucos sob a luz da lua sob os olhos do ponto cheio. E num esfregar-se sutil bailaram no ponto até o inevitável gozo.

3 comentários:

Dexter disse...

Uma vez vi um casal mais ou menos nessa situação num ponto de ônibus...
Que fogo, hein?!

Beijo.

Anônimo disse...

Isa, vc escreve num mix perfeito entre leveza e intensidade, imensamente poético e real... Continue, torcendo sempre por vc, Méa.

Anônimo disse...

Maninha você é pura essência