Outonal

Ele sabia do que ela gostava: 

Que dos beijos quentes, na boca, no queixo, na nuca, sua língua lhe arrancasse uivos, chupando com carinho e intensidade sua buceta. 

Que depois do gozo, com seu corpo estremecido e rubro, penetrasse duro, lhe expandindo inteira. 

Ele sabia fazê-la gozar como nem um outro. Estudava cada movimento seu, deixando-a ensandecida com negativas provocantes, para depois ataca-la no instante inesperado, agarrando sua cintura com uma pegada de macho ávido, que a deixava sem saídas. Ele sabia como enlouquecê-la. Sabia de seus fetiches, de seus devaneios, do delírio com o perigo, o sexo no meio da rua, a calcinha colocada de lado, os seios ao vento, as pernas bambas. Uma Iansã visceral, outonal e perigosa. 

Ele sabia como desnudá-la em seu silêncio anarquista. Sabia que as poucas palavras indicavam o desejo da ação e que dependendo de onde estivessem, seus olhos indicavam os possíveis ninhos, gargalhando em brilho intenso quando compreendida. E ele topava as loucuras todas, inclusive aquela do confessionário, a igreja cheia, seus fiéis em missa, enquanto na caixinha de madeira seus pecados latejavam. 

Ele não era o par perfeito e por isso era tão bom. 
Porque mesmo adorando aquela fêmea, ele sabia do que ela gostava: 

De viver desamarrada, a rodopiar qual bailarina sobre novas tempestades.