O vinho já estava no fim. As taças dançavam mais que os pés, dos olhos derramavam maquiagem, as unhas vermelhas, a camiseta manchada, a calcinha preta, os cachos desalinhados a fazer curvas pelos ombros.
Ele a observava. Seus olhos percorriam toda a pele, todo gesto, toda entrelinha do bailar suave daquele corpo entregue à música. Sentado no chão, nu, sentiu seu corpo vibrar da alegria de estar ali a olhar aquela mulher. Ele que a desejara tanto, a tinha ali naquele instante e ainda que fosse breve, faria dele eterno como nos versos do poeta.
Ela estava tonta. Quase um tropeço. Ele e seus braços. Um torpor, um sorriso, a taça no chão, um beijo.
O enroscar dos corpos, as mãos percorrendo as notas de toda sonoridade que havia. Um abraçar melódico, passos não ensaiados, palavras e cheiros e rastros, dedos e lambidas. O sexo exposto, o penetrar alinhado, o desatino da primeira estocada: gemidos.
Cavalgadas selvagens sobre o macho detido. O olhar altivo da fêmea a penetrar seus domínios. Com as mãos presas, só havia o fálico ereto e ela sabia da chegada do gozo. Então entre os freios, a boca carnuda, o clitóris latente, a língua, a saliva e os dentes e no aviso do orgasmo, o penetrar desavisado.
Ela voou primeiro e ele, em seguida. Quase uníssonos. Quase eternos. Quase exatos do amar.
14 comentários:
poético, envolvente, animal...
muito bom!
Tem que te propor a fazer textos mais unilaterais... ou é amor ou é putaria roots mesmo... eu nunca vou saber se os dois são um casal ou um simples one night stand... pode parecer ordinário, mas para as mulheres isso realmente faz diferença.
hehehe
besos! continuo a ler tudo babe!
Fica a proposta para ser pensada. Mas perceba, Ms. Martini - e demais leitores, of course: o amor e a putaria podem conviver híbridos. E um casal tem sempre possibilidades de fuga do meramente casual.
Sejamos românticos roots. Por que não? A vida é um desconexo constante e o ato do amor carnal - o sexo - não precisa correr em fluxos fixos.
Como dizia o Leminski, "essa coisa de querer ser exatemnte o que somos ainda vai nos levar além". portanto, sejamos mais, sempre.
bjs
NÃÃÃOOOOO DISSE QUE NÃO VIVEM JUNTOS!
até falo constantemente sobre essa mania de as pessoas acharem que uma coisa exclui a outra... http://velveteenkiss.blogspot.com/2009/03/das-coisas-que-ninguem-sabe.html
estava me referindo apenas a questão de sexo entre conjugues e sexo entre estranhos. Simples baby!
:)
E conjugues não podem ser tam´bém estranhos?
:D
derramamentos de líquidos; entre pernas e conjugues; entre taças e não-conjugues. e vice-versa. e vide a vida.
Oi, Isa! Vi seu comentário la na Outra Casa e copio aqui o que escrevi lá.
"Então...
Começando pelo fim. Achei curioso vcs serem baianos porque eu tb sou baiana, apesar de morar fora de Salvador há um tempo.
:)
E eu sei que tudo isso, inclusive o nome do blog, é apenas uma mera (e feliz, por que não?) coincidência. Mas me permiti fantasiar um pouco...
Beijo e obrigada pela visita!"
Martini, minha linda... fica dificil fazer textos unilaterais... são pessoas diferentes escrevendo... com experiencias e fantasias diferentes também...apesar de uma linguagem um tanto parecida, acho meus textos se diferenciam bastante dos de isa.
Carol, acho que a Martini não comparou os textos. E eu de cá nunca achei seus textos unilaterais também.
Avalie aí.
Hahaha... você com certeza não é uma pessoa de rodeios frida. Mas diferente de isa você se atem a reação dos personagens em cada situação...isso já da um ar bem mais intimo ao texto, tipo, mesmo quando o cara chama a mulher de cachorra, a ela se derrete... hehe, essa que é a jogada
isa, eu não quis dizer q martini comparou os textos. coloquei apenas como uma observação...
Ok!
Que venham as releituras!
rs
cheguei ontem de buenos aires... e o primeiro parágrafo do texto me deu saudade.
Dulcíssimo!o blog é lindo, doce e sex. Parabéns!
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